Chamada 66

Tópico:

Racismo e educação: obstáculos, desafios e oportunidades

(janeiro-junho 2026)

Prazo para recebimento:

30 de junho de 2025[1]

Coordenadoras

Elisa Martina de los Ángeles Sulca[2]

Nayra Eva Cachambi Patzi[3]

Monica Sonia Chacoma[4]

 

O racismo como ideologia e regime de poder é um componente constitutivo do mundo moderno e continua sendo uma das causas fundamentais das desigualdades generalizadas em todas as sociedades contemporâneas (Mato, 2024). A diversidade pluricultural e plurilinguística, presente em todas as sociedades, é alvo de práticas e discursos de discriminação, invisibilização e estigmatização que fazem parte de processos históricos de longa duração (Van Dijk, 2016). Essa diversidade está presente nas escolas de ensino fundamental e médio, nos institutos de ensino superior e nas universidades. Diante dessa realidade, torna-se imperativo reconhecer as múltiplas formas de racismo que se manifestam nos contextos educativos e que afetam essas diversidades.

Entendemos o racismo como um sistema ideológico de dominação que combina lógicas de diferenciação e inferiorização baseadas na raça, pertencimento étnico, classe social, e religião, entre outros fatores. Ele não se expressa apenas por meio de práticas sociais concretas e explícitas, mas também opera por meio de desigualdades históricas nos âmbitos econômico, político, educacional e cultural. Essas desigualdades são produzidas e reproduzidas por normas, comportamentos e discursos institucionais, bem como pelo senso comum (Essed, 1991). O racismo se apresenta de forma naturalizada na vida social e tem um impacto significativo nos sistemas educacionais, onde prevalecem lógicas que invisibilizam, omitem e excluem os sujeitos pedagógicos culturalmente diversos.

A naturalização de representações racistas e xenófobas no contexto educacional favorece sua reprodução e perpetuação, “estabelecendo assim um sistema circular, que dificilmente será rompido sem a intervenção adequada” (Aranda, 2011). Consequentemente, as representações racistas que orientam as práticas educacionais podem dificultar ou interromper as trajetórias de sujeitos pedagógicos culturalmente diversos e racializados. É urgente pensar em uma educação intercultural transversal em todo o sistema educacional, tanto obrigatório quanto não obrigatório, que seja capaz de reconhecer as características culturais, os marcadores da diferença e as trajetórias dos sujeitos.

A complexidade e a multidimensionalidade do racismo exigem diálogos interdisciplinares para compreender as diversas facetas desse fenômeno, que incidem desde a formulação de políticas socioeducativas até a intimidade da sala de aula. Identificar práticas racistas vigentes, estudá-las e denunciá-las possibilita a construção de propostas educativas contextualizadas para a erradicação do racismo em cada território.

A proposta aqui apresentada tem a intenção de reunir trabalhos acadêmicos do campo da educação que, a partir de uma abordagem sociocrítica e histórico-cultural, investiguem as expressões do racismo nas instituições educacionais, os obstáculos e desafios enfrentados pelo sistema educacional para erradicá-lo, bem como as oportunidades para promover uma educação antirracista.

Os tópicos são os seguintes:

● Racismo e desigualdade educacional
● Racismo e práticas educacionais
● Racismo e formação docente
● Racismo epistêmico, sistêmico e institucional
● Identidades e corpos racializados nos espaços educacionais
● Experiências de formação docente antirracista no campo educacional
● Políticas educacionais e institucionais para o enfrentamento do racismo nos diferentes níveis de ensino
● Experiências educacionais em perspectiva intercultural e antirracista

 

Bibliografia

Aranda, V. (2011). Reflexión y análisis de políticas y prácticas innovadoras a la luz de las representaciones sociales y de la necesidad de una educación intercultural en la formación inicial docente. Estudios Pedagógicos, vol. XXXVII, núm. 2, pp. 301-314.

Castillo Guzmán, E. y Caicedo Ortiz, J. A. (2022). El racismo escolar. Debates educativos y crónicas. Editorial Universidad del Cauca.

Essed, P. (1991). Understanding everyday racism. An interdisciplinary theory. Sage Publications.

Guaymás, A. y Chacoma, M. S. (comps.) (2021). Protagonismos y reivindicaciones de jóvenes indígenas: construcciones identitarias en escenarios educativos. Grupo Editor Universitario.

Kaplan, C. V. y Sulca, E. (2021). Racismo y pueblos indígenas en Argentina. Retos para la micropolítica escolar. InterNaciones, vol. 9, (núm. 22, pp. 161-181.

Mato, D. (2024) Factores clave en la naturalización y reproducción del racismo en la educación superior en América Latina. Aprendizajes para el diseño de políticas e iniciativas anti-racistas. RELAPE, núm. 21, pp. 124-139.

Van Dijk, T. (2016). Racismo y discurso en América Latina. Gedisa.

 

[1] Os envios devem ser feitos através do portal da Sinéctica, após registro como autor ou autora. São aceitos artigos teóricos e de pesquisa em espanhol, inglês e português. Apenas trabalhos inéditos serão considerados. Todos os artigos, sem exceção, serão avaliados por especialistas externos em um processo de revisão por pares duplo-cego.

[2] Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas – Instituto Nacional de Pesquisas em Ciências Sociais e Humanidades / Universidade Nacional de Salta, Argentina.

[3] Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas – Centro de Pesquisas Sociais e Educacionais do Norte Argentino / Universidade Nacional de Salta – Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais / Universidade Nacional de Jujuy, Argentina.

[4] Faculdade de Ciências Sociais / Universidade Nacional de San Juan, Argentina.