Chamada 63

Tópico:

Educação popular, sujeitos, saberes e conhecimentos sociais[1]

(julho-dezembro de 2024)

Prazo para recebimento: 19 de janeiro de 2024

Coordenadoras:

Dra. María Mercedes Ruiz Muñoz
mercedes.ruiz@ibero.mx
Universidad Iberoamericana, Ciudad de México

Dra. Maria Clara Di Pierro
mcpierro@usp.br
Universidade de São Paulo, Brasil

 

A educação popular no México e na América Latina representa uma problemática importantíssima devido às mudanças sociais na região, as quais se expressam através da construção de alternativas político-pedagógicas que, em muitos casos, levam ao surgimento de ações coletivas e movimentos sociais que lutam pela justiça social, democracia e participação cidadã contra a discriminação e em defesa do direito à educação, especialmente dos grupos mais vulneráveis: adultos, jovens, mulheres, migrantes, afrodescendentes, camponeses, indígenas, crianças e adolescentes em situação de rua, entre outros.

Recentemente, os movimentos cidadãos e a educação popular têm sido chamados a contribuir para a reconstrução do tecido comunitário e das redes de solidariedade para enfrentar a situação de desproteção social agravada pela pandemia de COVID 19, a perda de vagas de emprego, a precariedade dos serviços públicos e as crescentes dificuldades de acesso e permanência nos sistemas educacionais.

A educação popular tem uma longa trajetória na América Latina a partir do pensamento de Paulo Freire com a chamada pedagogia do oprimido e a educação para a liberdade (Freire, 1969, 1973), que conta com antecedentes em prol do ensino público desde a descolonização e a construção de repúblicas independentes (Jara, 2018; Puiggrós, 1998). Ademais, a educação popular experimentou um processo de refundação na transição para o século XXI diante da crise de paradigmas desencadeada pela queda do socialismo real e pela onda neoliberal. Atualmente, articula-se com as pedagogias críticas e emancipatórias de jovens e adultos como agentes de mudança, com o pensamento feminista e decolonial (Walsh, 2017). A educação popular contemporânea promove o diálogo do saber e a negociação cultural, pauta-se pela ética do cuidado, adere ao movimento ambientalista e às cosmovisões dos povos indígenas sobre o bem-estar e envolve-se na leitura crítica da mídia e na democratização da informação e tecnologias de comunicação.

As expressões dessa articulação entre educação popular e ações coletivas na região são múltiplas. Como exemplo, podemos citar o movimento dos estudantes do ensino médio no Chile, conhecido como Los Pingüinos, e, posteriormente, a luta contra a privatização da educação, com especial destaque para o ensino superior devido aos altos índices de endividamento das famílias chilenas. No caso do México, existem expressões juvenis relacionadas à luta pela mudança democrática e pela participação política, como o movimento Más de 131 e #Yosoy132 (2012) de jovens universitários de instituições públicas e privadas que articularam demandas políticas em torno da mídia e seu papel nas eleições presidenciais. O que dizer dos colégios populares na Argentina ou do movimento das escolas e da luta pela terra no Brasil, o movimento dos Sem-Terra e outras organizações e redes.

Quais saberes e conhecimentos sociais são mobilizados nas lutas sociais? Como se constrói a agência e a configuração dos sujeitos da educação popular? Sem dúvida, o avanço das pesquisas, a sistematização de ações coletivas e uma série de experiências socioeducativas emancipatórias e transformadoras somam-se à discussão desta questão, que vai além das práticas sociais no espaço escolar, pois também se incluem como zona de possibilidade para a mudança e transformação social.

Os tópicos de interesse incluem:

  • Discussão teórica sobre a refundação da educação popular no contexto atual
  • Contribuições metodológicas da educação popular aos sistemas educativos do México e da América Latina
  • Experiências significativas que contribuem para a concretização do direito à educação
  • Aprendizagem social e construção do conhecimento no âmbito da educação popular
  • A educação popular e sua contribuição para o tecido social e comunitário pós-pandemia
  • Alternativas pedagógicas, conhecimento socialmente produtivo e constituição de sujeitos

 

Palavras-chave: educação popular, transformação social, sujeitos, saberes e conhecimento social

 

Referências bibliográficas

Freire, P. (1973). Pedagogía del oprimido. Siglo XXI.

Freire, P. (1969). La educación como práctica de la libertad. Tierra Nueva.

Jara, H. O. (2018). La educación popular latinoamericana: historia y claves éticas, políticas y pedagógicas. Alforja.

Puiggrós, A. (1998). La educación popular en América Latina: orígenes, polémicas. Miño y Dávila.

Walsh, C. (2017). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir e (re)vivir. Abya-Yala (Pensamiento Decolonial).

 

[1]  As submissões devem ser feitas através do portal Sinéctica após o registro como autor ou autora. Recebem-se pesquisas e artigos teóricos em espanhol, inglês e português. Somente serão aceitos trabalhos inéditos. Todos os artigos, sem exceção, serão julgados de forma anônima por especialistas externos.